A alta taxa de rejeição da presidente Dilma Rousseff em São Paulo, o
maior colégio eleitoral do país, virou uma das preocupações centrais da
campanha petista.
A ponto de um assessor palaciano falar em "cristalização" do fenômeno.
Ou de outro já admitir que isso poderá até ''desequilibrar o jogo" a
favor de seus rivais.
A pesquisa Datafolha finalizada na quarta mostrou que Dilma tem 35% de
rejeição no país. Está acima das taxas de seus concorrentes e dos 19% da
própria petista no mesmo período de 2010, ano em que ela foi eleita
presidente.
Mas o número chega a parecer pequeno se comparado com o que ocorre em
São Paulo hoje. No Estado que reúne 22,4% do eleitorado, 47% dizem que
não votariam em Dilma de jeito nenhum. Na capital, 49% respondem assim.
Esse comportamento repercute nas intenções de voto. Em todo o país,
Dilma tem 16 pontos de vantagem sobre o tucano Aécio Neves, seu
principal rival. Em São Paulo, porém, a situação é de empate absoluto,
com 25% para cada um. Na capital, Aécio vence Dilma por 28% a 23%.
A dificuldade dela junto aos eleitores paulistas fica ainda mais explícita nas simulações de segundo turno.
Aécio a derrotaria por 50% a 31% se a eleição fosse só no Estado. E
mesmo Eduardo Campos (PSB), hoje em terceiro na disputa nacional,
ganharia da presidente com folga numa disputa direta nas urnas
paulistas, 48% a 32%.
A avaliação petista é que o voto no segundo turno no Estado seria para
"impor uma derrota" à presidente, seja qual for o candidato.
Por isso, defendem que haja uma operação específica para o Estado,
combinada a uma imersão maior de Dilma em São Paulo. Uma espécie de
"campanha paralela'', na expressão de um assessor.
A ideia é retomar o diálogo com setores antes cativos do PT, mas que
perderam a interlocução. Como exemplo, citam os movimentos sociais e um
grupo de empresários.
Outro recurso mencionado é dar uma turbinada política e financeira na
campanha de Alexandre Padilha, o candidato a governador do PT que está
com 4% na pesquisa.
Cruzamentos do Datafolha mostram Dilma numa situação de dependência dos
eleitores do governador Geraldo Alckmin (PSDB), apoiador de Aécio na
eleição presidencial.
Hoje, um quarto dos eleitores do tucano dizem que votariam em Dilma na
presidencial. Alckmin tem 54% para governador, mais que o triplo do
segundo colocado, Paulo Skaf (PMDB).
Teme-se que, com tamanha vantagem, ele possa se sentir mais à vontade para se dedicar com mais afinco na campanha de Aécio.
É uma situação bem diferente da do Rio, onde Dilma mantém uma liderança
mais confortável e dispõe de espaço nos palanques dos principais
concorrentes locais.
Dilma pediu que a cúpula do PT invista em Padilha com intuito de
vitaminar sua própria candidatura em São Paulo até o início da
propaganda gratuita na TV, em agosto.
Integrantes da campanha nacional preveem ajuda financeira para a do
ex-ministro da Saúde. Fala-se também num reforço da presença de
lideranças importantes do partido nos eventos paulistas com o objetivo
de passar credibilidade ao candidato.
O desejo da campanha de Dilma é que Padilha cresça para, pelo menos, 10% até 19 de agosto, quando começa o horário eleitoral.
Esse investimento é também uma forma de tentar diminuir a dependência de
Skaf, que chegou a ser apontado como "plano B" de Dilma no Estado. Skaf
resiste em oferecer palanque para Dilma, embora já tenha sido
discretamente "enquadrado" pelo vice, Michel Temer.
As contas do PT também levam em consideração as dificuldades do petista
Fernando Haddad, prefeito aprovado por apenas 15% dos paulistanos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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