__________________________
23/06/2012 - 16h21
.
.
Akemi Nitahara e Beatriz Arcoverde*Repórteres da EBC
Edição: Graça Adjuto
.
Brasília – A região do Cerrado pode ser a solução para o
abastecimento de carne e grãos no Brasil, sem precisar derrubar uma
única árvore em florestas virgens. Segundo maior bioma do país, o
cerrado ocupa 24% do território nacional, em um total de 2 milhões de
quilômetros quadrados (km²).
Em setembro de 2010, o bioma passou a receber maior atenção do
governo, com o lançamento, pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA), do
Plano de Ação para Prevenção do Desmatamento e Controle das Queimadas no
Cerrado, (PPCerrado). De acordo com o MMA, a lavoura e a pecuária são
as principais atividades responsáveis por essa devastação - 54 milhões
de hectares de cerrado deram lugar a pastagens e 22 milhões estão
ocupados por plantações de grãos.
Para a professora da Universidade de Brasília Mercedes Bustamente, o
problema é a grande extensão de pastagens degradadas, que precisam ser
recuperadas. “São pastagens que ainda estão em uso, mas que têm baixa
produtividade. Então, de que forma a gente pode recuperar a
produtividade dessas áreas, seja para pastagem ou para outros usos
agrícolas e, dessa forma, minimizar o impacto da abertura de novas áreas
de cerrado? Porque isso tem um impacto não só sobre a questão
climática, na capacidade de retenção de água, de uso de água, mas também
sobre a biodiversidade, já que o cerrado é a savana mais rica, mais
biodiversa do mundo”.
Uma resposta possível vem da Embrapa Arroz e Feijão. Na sede em
Goiânia, o pesquisador João Kluthcouski ensina e incentiva os produtores
a adotar a integração lavoura-pecuária para tornar essas áreas
produtivas novamente. “Uma das alternativas é pegar essas áreas
degradadas e fazer o consórcio de grãos com pasto, com gramíneas
forrageiras tropicais - pode ser o arroz, que é a espécie mais adaptada,
pode ser o milho, pode ser o sorgo, isso em pastos e solos degradados
também”, explica.
O pesquisador da Embrapa Cerrados Lourival Vilela diz que um dos
motivos que impedem a expansão rápida dessa técnica é a complexidade de
administrar mais de um sistema produtivo. “Quando, por exemplo, um
produtor de grãos sai de um sistema especializado e começa a introduzir
outros elementos, como pecuária e floresta, dentro da propriedade, é
evidente que o sistema começa a se tornar mais complexo. Isso exige não
só investimentos, como também uma capacidade gerencial muito maior".
De acordo com as pesquisas da Embrapa, esta é a solução mais viável
economicamente a curto prazo. Para Kluthcouski, o recurso gerado pela
colheita desses grãos é suficiente para pagar todos os insumos e
serviços necessários à recuperação.
*A série Práticas Sustentáveis no Cerrado é vencedora do 1º
Prêmio Pecuária Sustentável de Jornalismo – Categoria Rádio//Edição:
Graça Adjuto
Nenhum comentário:
Postar um comentário