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03/07/2012 - 18h21
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Gilberto CostaRepórter da Agência Brasil
Edição: Davi Oliveira
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Brasília – O pleito municipal desse ano é considerado histórico pela
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) por ser o primeiro com aplicação
integral da Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/2010).
Essa novidade, entretanto, preocupa tanto os advogados quanto o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE), porque falta jurisprudência para
guiar sua aplicação.
“Sempre que uma nova lei aparece, ela permite interpretações
diferentes, porque ainda não está consolidada uma jurisprudência”, disse
a ministra. A jurisprudência se forma após decisões reiteradas dos
tribunais sobre determinada interpretação da lei.
“A Ficha Limpa vai ser experimentada de forma efetiva nestas eleições”,
assinala Ophir Cavalcante, presidente do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB). No entanto, ele lembra que a falta de
jurisprudência pode aumentar o número de processos em análise na Justiça
Eleitoral e causar “insegurança jurídica”.
Segundo levantamento feito pelo jornal O Globo no mês passado,
apenas no TSE, há 1,6 mil processos relativos às eleições municipais de
2008. O tribunal é a última instância para demandas na Justiça
Eleitoral.
Para Ophir Cavalcante, a situação “efetivamente é preocupante”. Ele
sugere que “se faça um mutirão e que seja dedicado mais tempo do que tem
sido para limpar toda essa pauta, para se chegar às eleições mais ou
menos em tempo real entre as impugnações e os julgamentos”.
Conforme Cármen Lúcia, a celeridade do julgamento de processos “é o
maior desafio que a Justiça no mundo inteiro tem” e, em especial, a
Justiça Eleitoral, “porque os prazos são muito curtos”. Os juizes
eleitorais, por exemplo, têm somente o período que separa a eleição e a
posse dos vencedores para tomar decisões que podem modificar o resultado
das urnas.
A ministra também se mostrou preocupada com a demora nos julgamentos.
“Quanto mais rápido nós andarmos melhor, este é o nosso desafio. É nisto
que eu estou empenhada até a alma, para dar celeridade, porque eu sei
que, quando o cidadão e a imprensa falam que ainda há processos, sinto
que eu ainda não fiz o que precisava fazer, embora tenha feito tudo que
eu podia”.
Além do passivo do pleito passado e das dúvidas sobre a Lei da Ficha
Limpa, a prestação de contas dos prefeitos também poderá gerar processos
na Justiça Eleitoral. Na semana passada, o TSE decidiu que apenas a
apresentação das contas (não necessariamente a aprovação pelos tribunais
de contas) é suficiente para os atuais prefeitos participarem da
eleição.
A ministra Cármen Lúcia, que foi voto vencido na decisão do TSE sobre a
prestação de contas, lembra que “não significa todo mundo que apresente
tenha a conta desaprovada [no futuro]”. No entanto, se os prefeitos
liberados para concorrer tiverem, posteriormente, a contas consideradas
sujas, terão a posse comprometida, causando insegurança jurídica.
Ophir Cavalcante criticou a decisão do TSE. “Houve um equivoco na
reinterpretação dessa questão. O entendimento anterior atendia muito
mais aos anseios da sociedade”, afirmou.
Cármen Lúcia e Ophir Cavalcante assinaram hoje (3) em Brasília um
protocolo entre o TSE e a OAB para que a Ordem atue em campanhas de
esclarecimento da população sobre as eleições e ajude a coibir
irregularidades, como o abuso do poder econômico.
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